“Esta ilha é uma delícia”. A jornalista Carmélia de Souza criou a frase que expressa o carinho e o orgulho que os capixabas sentem por Vitória. Neste, 8 de setembro, Vitória comemora 463 anos.
Vitória está velhinha e começa a enfrentar os problemas comuns às cidades grandes. A mobilidade urbana ocupa o topo da lista. Ou seria imobilidade? Até bem pouco tempo qualquer deslocamento era feito em 15, 20 minutos. Hoje, pode levar horas. Uma pena!!!!
A recompensa por passar horas presa no trânsito é o belo visual da ilha. São praias, manguezais, praças, o porto, o Penedo, parques e uma cadeia de montanhas que carinhosamante abraça a cidade. Mais linda, impossível! Uma cidade cercada de mar e belezas, cheia de energia e sonhos.
Vitória tem uma tradição gastronômica muito expressiva. Peixes e mariscos dão sabor aos nossos pratos típicos. A moqueca preparada na panela de barro confere identidade ao nosso paladar e mexe com nossos brios. Nem pense em macular a nossa moqueca com óleo de dendê, pimentão e leite de coco.
Sou absolutamente apaixonada pela cor da nossa moqueca. Basta misturar o colorau ao azeite, aquecer um pouco e esperar pelo milagre. Uma cor brilhante, alaranjada. Única.
Sou absolutamente apaixonada pelo sabor da nossa moqueca. Uma mistura de coentro fresco, azeite e o azedinho do suco de limão .
Milho, aipim, taioba e palmito também agradam ao paladar dos ilhéus de Vitória e são utilizados em diversos pratos.
Para homenagear a aniversariante decidi caprichar na moqueca de camarão com palmito. Mais uma invencionice do meu pai. Ele pescava os camarões e tirava o palmito indaiá. Um tempo em que o palmito era abundante na mata Atlântica e que não era crime tirar palmito. Tiraram tanto e tantos, que quase acabou. Hoje é proibido e temos que nos contentar com o palmito pupunha. Que é mais consistente e menos saboroso. Quem conhece o palmito indaiá, ou palmito doce, sabe que ele é muito mias gostoso.
Corte o palmito pupunha em rodelas e cozinhe até ficar macio. Escorra e reserve. Em uma panela de barro, aqueça o azeite e refogue uma cebola média ralada até ficar dourada. Junte o colorau e o camarão ( mais ou menos 800g). Deixe cozinhar por 3 minutos. Junte o palmito e mexa para incorporar os ingredientes. Se for necessário, acrescente um pouco de água. Tempere com sal e polvilhe com coentro. Regue com um fio de azeite e sirva com arroz branco.
Reparou que o camarão está com casca? Meu pai gostava de cozinhar o camarão com a casca para manter o sabor e deixar a carne molhadinha. Ainda hoje, não me importo em sujar os dedos para comer. É mais uma deliciosa recordação.
Ingredientes
1 palmito pupunha inteiro ( peça para o feirante descascar e cortar em pedaços )
800g de camarão
1 cebola ralada
azeite
sal
colorau ou urucum